terça-feira, 27 de março de 2012

O monstro de estimação do partido Republicano


Em 2008 o partido Republicano perdeu tudo: a Câmara dos Deputados, o Senado e a Presidência dos Estados Unidos. Em vez de refletir sobre as causas desta derrota – a gestão desastrosa de George W. Bush, por exemplo – os Republicanos decidiram reverter a uma velha estratégia, pois era uma estratégia que já havia funcionado varias vezes no passado. O partido iria opor tudo que fosse proposto pelos Democratas, sem distinção, e apelar para o medo e racismo da classe média branca nos estados sulistas e no interior dos Estados Unidos.

Foi assim que tiraram seu velho monstrinho do armário, apelidaram-no de “Tea Party” e lançaram-no ao mundo menos de um mês após a posse de Barack Obama.

E o monstrinho foi crescendo. “Vamos retomar nosso país”, gritava. “Barack Hussein Obama não é um verdadeiro Americano, mas um agente mulçumano infiltrado”, delirava. “O plano de estimulo a economia é parte dum esquema para fazer dos Estados Unidos uma nação socialista”. E assim por diante.

Em 2010 a velha estratégia parecia estar funcionando. Impulsionados pela energia raivosa do Tea Party e a decepção generalizada com o fraco desempenho da economia, os Republicanos proferiram uma derrota esmagadora ao partido Democrata e retomaram a Câmara dos Deputados.

Mas aí uma coisa curiosa aconteceu.

A elite do partido Republicano sempre entendeu que em uma eleição presidencial, candidatos radicais têm poucas chances de sucesso. Por isso montaram seus planos para derrotar Barack Obama em volta da candidatura de um gestor de empresas, o moderado Mitt Romney. Estava tudo encaminhado para retomar a Casa Branca. Só um problema: o monstro já não obedecia mais.

Nas prévias para a eleição presidencial, Romney enfrenta três candidatos: um fundamentalista cristão, um oportunista com um histórico de desvios morais e éticos e um libertário que, se tivesse a chance, acabaria com as proteções sociais e abraçaria o capitalismo selvagem do século 19. Nenhum deles tem a mínima chance de derrotar Obama em novembro. 

Deveria ser uma vitória simples para Romney, mas o monstro não quer saber, ele só dará seu selo de aprovação para um candidato ultraconservador. Por isso, Romney está sendo forçado a adotar posições cada vez mais conservadoras e isso vai prejudica-lo muito na eleição geral em novembro. 

O Tea Party, que foi solto pelos Republicanos para atacar seus inimigos, vai acabar dando a vitória de mãos beijadas para Obama. Se isso não for ironia, não sei o que é